"A leitura é uma viagem fantástica ao mundo do conhecimento, onde só você, que lê, tem a oportunidade de transcender"
Entrevista com
Michelle Louise Paranhos,
de Seropédica - Rio de Janeiro
Blog: Publicou seus livros de forma física ou online? Quais as vantagens e desvantagens de se publicar pela forma que escolheu?
Michelle: Tenho apenas três livros publicados por editora. São eles "Ponto de Ressonância", "Mulato Velho" e "Coisas de Lorena". Os outros são "Tsara - ir até o fim do mundo e depois voltar", "Blog3k - Trollados pela vida adulta", "A Colheita - todo homem tem o seu preço", "Em busca de mim" e o conto "O Sopro do Dragão", que foram publicados de forma independente.E como pude experimentar as duas modalidades, posso dizer, sim, tem vantagens ter Editora:Parceria (quando dá certo) é sempre bem vinda, ajuda com divulgação, e os leitores insistem em se deixar seduzir por um selo na capa, por um nome de casa editorial. As vendas são mais tranquilas e fluem com mais facilidade. Receber direito autora, entretanto, é complicado, fora que você precisa ter muita confiança na editora, porque não dá pra ter certeza das vendas só com aquilo que eles alegam no relatório.
Como autora, prefiro muito mais a independência... mas é preciso deixar bem claro que há segredos e dissabores e não aconselho para todo mundo. Requer uma dose infinita de persistência que beira a teimosia, acreditar em si mesmo é fundamental, e aprender a "se virar" não só com o passo a passo editorial (capa, diagramação, etc) ou procurar pessoas no mercado que aliem bom preço e ser de bom relacionamento. Ter pelo menos um profissional de reserva, já fiquei na mão de repente, e o projeto todo desanda... e mesmo com todos os "contras" eu ainda prefiro ser independente.
Blog: Qual o seu conselho para as pessoas que querem lançar um livro?
Michelle: É um sonho lançar o livro na versão impressa, mas essa modalidade envolve custos e um trabalho grande e nesse momento as pessoas não estão dispostas a pagar um valor compatível para o autor ter o retorno do dinheiro investido e um mínimo de lucro para que possa reinvestir no próximo livro. O escritor profissional precisa sim, ter muito amor pela profissão, mas tal como acontece à qualquer carreira, a escrita envolve custos diretos e indiretos, e se pensar como negócio, precisa fazer com que uma edição possa retroalimentar as demais, senão corre-se o risco de ir "com tudo" no primeiro e segundo livro e aí, perder o fôlego financeiro para as demais edições e, acredite, isso potencializa qualquer bloqueio criativo.
Blog: Como vê a literatura no Brasil?
Michelle: Há uma década houve um boom literário no Brasil, muitas pessoas acharam que era chic ser escritor. Esse "modismo literário" aconteceu quase no mesmo instante em que ser nerd deixou de ter conotação pejorativa para virar uma espécie de movimento social, por assim dizer - os Geeks. Palavras parecidas com funções diferentes.O nerd é o estudioso, aquele que lê, sabe química, física e gosta de filmes de ficção científica e tal. O Geek é aquele que sabe de dobra espacial sem saber de explicação matemática, capta coisas que fazem parte do universo nerd e as transformam de forma divertida, em moda. Cosplay é um bom exemplo.
E como a literatura se insere nesse contexto? Literatura é coisa de Geek hoje, mas a verdade é que ser escritor não é nem pode ser praticado de forma "divertida". É uma responsabilidade mexer com a emoção e a mente das pessoas, alterar seus pontos de vista. Literatura é coisa séria mas, claro, pode ser divertida sim, sem perder a profundidade. Acredito que no Brasil, a literatura esteja começando a atingir esse ponto de equilíbrio.
Blog: O que é preciso para que a literatura nacional seja mais valorizada?
Michelle: Entregar um material de qualidade para o leitor é fundamental e não digo isso apenas no sentido de uma diagramação impecável ou uma capa chamativa. Falo uma obra que acrescente. Hoje um livro precisa entrar em competição com outras formas de entretenimento e algumas são bastante adaptadas à velocidade dos nossos dias, como as séries televisivas. São enredos de resolução rápida, sem muito aprofundamento de personagens. Mas não dá pra manter esse desenvolvimento de enredo em livros com 300 páginas ou mais e as obras estão perdendo o cunho de formação e informação do leitor para galgar a esfera do entretenimento. A literatura perde muito nessa adaptação.
Blog: Como fazer para ser mais valorizada?
Michelle: Não perder sua essência. Cada leitor que for procurar um livro para ler saberá que vai se deparar um uma linguagem única própria da literatura e não encontrará uma cópia mal feita de uma série. No segundo caso, ao encontrar o livro que se assemelha ou que se apropria da linguagem das séries (o roteiro), o leitor abandona o livro antes da conclusão da leitura ou ainda o lê e esquece a história em seguida e parte para outro livro. A literatura vira objeto de consumo rápido e descartável. Nem sempre o novo traz uma boa evolução e aquela literatura de "antigamente", quando as pessoas paravam para ler um bom livro degustando cada frase e capítulos com calma, até consultando dicionário para entender palavras desconhecidas, tinha sim o seu mérito. Essa é a literatura que acrescenta. Quando o leitor terminou de ler, ele terá aquela sensação de que aprendeu alguma coisa, foi um lazer proveitoso, unindo o útil ao agradável.
Blog: Como faz para divulgar os livros? Qual a melhor forma?
Michelle: Eu divulgo especialmente nas redes sociais, com parcerias de blogueiros e também participo de eventos literários onlines e físicos, que comecei recentemente. Embora os meus livros não sejam o foco nesses eventos, eu divulgo os meus livros juntos com as esculturas que faço em parceria com meu marido através da Arte Criativo - Artesanato. É um empreendimento em comum e participamos de feiras em todo o Rio de Janeiro e já até fomos a Minas Gerais para uma feira temática medieval, foi bem divertido, ficamos até acampados e vestidos à caráter. Ele era um camponês e eu, uma sacerdotisa celta (risos).
Na internet, divulgo em grupos literários e faço parte da equipe do FLAL - Festival de Literatura e Artes Literárias, onde participo também como autora. Para responder qual a melhor forma de divulgação, eu diria que ainda não tenho essa resposta. Tenho vendido ainda pouco em feiras presenciais - e nesse caso tenho que levar edições físicas de meus livros, e na internet sou uma presença constante, trabalho em vários eventos e, ainda assim, a venda é bem pouca mesmo, não alcancei dois dígitos por mês ainda na Amazon... e isso porque trabalho muito, não tem sábado ou domingo de folga.
Blog: Quando começou a escrever, já fazia planos de seguir carreira?
Michelle: Comecei a escrever por insistência do meu marido, após me aposentar na educação. A literatura surgiu como uma forma de terapia mas quando dei por mim, estava apaixonada e levando isso tão a sério que me vi numa nova carreira.
Blog: Quando olha para trás, sua maior satisfação é poder dizer...
Michelle: "Fiz o melhor que me foi possível, de acordo com as competências que eu tinha na ocasião e com os recursos que me eram disponíveis", sou bastante ansiosa e perfeccionista, então repito isso para mim mesma a cada dia, quase como um mantra (rs).
Blog: Qual a função social da literatura?
Michelle: Servir como um espelho a refletir a sociedade, seus anseios.Até mesmo a fantasia tem esse aspecto, porque você só "viaja para outra realidade" se o ponto de partida para essa "oposição" for feita a partir de um universo conhecido.
Blog: A internet influencia na carreira do escritor?
Michelle: Hoje, eu diria que a internet é preponderante na carreira do escritor, para o melhor e para o pior. Não basta construir um bom marketing pessoal e ter obras sofríveis, assim como não basta ter obras maravilhosas e péssima presença virtual. Escritor, na era digital principalmente, é uma figura pública antes mesmo de se tornar best seller.
Blog: Uma frase que te define?
Michelle: "Fazer aquilo que gosta é liberdade. Gostar daquilo que faz é felicidade".
Blog: Se pudesse voltar no tempo, mudaria alguma coisa?
Michelle: Teria iniciado minha carreira literária antes.
Blog: Deixe um recado para seus leitores e seguidores do blog:
Michelle: Muito obrigada por terem acompanhado essa entrevista. Gostaria de, inclusive, convidar a todos para participar de um projeto literário diferente, interativo. Meu livro Blog3k conta a história de três amigos de infância que se reúnem para criar um blog que os levará ao estrelato, produzindo material de qualidade e monetarizando o blog. Cada um deles está experimentando ser adulto e pagar contas e a fase não está fácil, então surge uma ideia salvadora.Esse ano, 2018,comemoro um ano de lançamento desse livro e resolvi atender os apelos de fãs da obra: coloquei na web o Blog Trollados pela vida, como se fosse o blog que os amigos faziam, e assim, são eles que assinam as postagens e não eu! Está sendo bem divertido e quem está lendo, está gostando de participar da experiência. Para conhecer o blog, clique aqui.
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Email: michellelouiseparanhos@gmail.com
Whatsapp: (21) 97619-2494
Adorei conceder a entrevista. Muito obrigada Gabriella, pela oportunidade!
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